Análise da intervenção de acordo com Hertzberger

A intervenção realizada no pátio buscou torná-lo um local mais agradável para se permanecer, mesmo que por curtos períodos de tempo. Pensando em melhorar aspectos com o sol intenso e a falta de locais para sentar, foi criada uma estrutura que amenizasse a incidência solar e espaços que podem atuar como bancos.
O espaço observado é demarcado em três lados pelas paredes da casa, sendo que estas possuem ou venezianas ou treliças, que impedem que as pessoas que estão no pátio vejam o lado de dentro, criando uma privacidade para quem está do lado de dentro. No quarto lado, há um pequeno muro que serve de delimitação do espaço, dividindo-o de um corredor que leva para o portão. Considerando a localização, o pátio pode ser interpretado como um local privado, porém levando em consideração que a Casa da Glória recebe hóspedes e visitantes, e que este local pode ser habitado por qualquer pessoa que passe pela casa, ele atua mais como um espaço intermediário, com características mistas. Pontos como os atributos físicos, composição do chão e pouca conexão com o lado interno da casa, e o fato de que dificilmente alguém terá uma relação mais pessoal, com responsabilidades específicas sobre ele, são típicos de locais públicos.
Como visto no livro de Hertzberger, apenas colocar cadeiras e bancos não é suficiente para levar as pessoas a um local, tais objetos com funções específicas demais não abrem espaço para interpretações dos usuários, desmotivando-os a apropriar-se do espaço, desta forma, e pensando em explorar as irregularidades do terreno, três formas foram criadas, variando em profundidade, com partes em relevo e partes fundas, que, ao mesmo tempo que podem ser utilizadas para sentar, não são em um formato tradicional de bancos individuais, abrindo espaço para exploração.
Além da questão do formato dos assentos, há também as formas escolhidas para abrigá-los, que são variadas e irregulares, com um formato orgânico, que permite que as pessoas se agrupem em grupos de diferentes tamanhos, e escolham diferentes locais de acordo com a preferência de posição tanto no pátio quanto em relação às outras pessoas.
O equilíbrio entre visão e reclusão é levando em consideração não só nas possibilidades de disposição das pessoas no pátio, mas também na estrutura que se eleva acima do pátio, que busca não somente abrigo do sol, mas também diminui a visibilidade do segundo andar.
Considerando que o espaço trabalhado pode ser observado de diversos pontos, mas tem visão restrita da maioria deles, diminuímos a exposição deixando a estrutura criada entre o primeiro e o segundo andar. Ao decidir o formato que a cobertura criada teria, foi levado em consideração não apenas a necessidade de diminuir o calor no local, como também atender a questões estéticas e não tampar totalmente o local, permitindo que as pessoas ainda possam desfrutar do sol quando quiserem. Desta forma, há espaço para interpretação e adaptação, sem exceder uma busca por flexibilidade, já que a estrutura em si não muda nem perde sua identidade para alterar seu propósito.

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